PRIMÓRDIOS E EVOLUÇÃO DA CULTURA EM ARAPIRACA


FRASE
“Conhecer com mais profundidade a cultura arapiraquense através de suas letras e artes é expandir os horizontes para novas descobertas, é concordar com o famosos físico Albert Einstein que disse: ´A mente que se abre a uma nova descoberta jamais voltará ao tamanho original´”.
Cláudio Olímpio dos Santos (presidente da ACALA – Acala Arapiraquense de Letras e Artes).
[ Fonte (frase): Livro “ACALA – História e Vida”, abril de 2009 ]

 

PRIMÓRDIOS E EVOLUÇÃO DA CULTURA EM ARAPIRACA – Por Zezito Guedes (Historiador, folclorista e artista plástico)

Diversos fatores contribuíram para a formação e desenvolvimento da cultura da comunidade de Arapiraca/AL, nesta caminhada através dos anos.

Nos primeiros tempos, com a formação do sítio urbano, o povo se reunia para falar em cultura de subsistência, na força da lua, transitoriedade, mitos, crendices, estórias de trancoso, contos de fada, fábulas, meizinhas, tabus e, também para prática de cultos religiosos – ofícios, terços, novenas, etc. Estes foram os primeiros passos para a vida em sociedade e constituíram os primeiros sinais da cultura na comunidade. Tempos depois, com a formação do pequeno arruado, em 1855, foi erguida uma pequena Capela onde foi celebrada a primeira missa.

Com a instalação da primeira casa comercial, em 1880, e a feira livre criada, em 1884, reunia-se semanalmente a sociedade rural integrando-se a urbana. Em 1855, as lideranças do povoado contrataram o Mestre Antônio Raimundo – profº leigo, para ensinar as primeiras letras e as quatro operações a meninada de então numa casa particular. A primeira profª estadual foi nomeada,em 1892: Marieta Peixoto Rodrigues.

Outro fator significativo para o desenvolvimento da cultura da comunidade no início do século XX, foi a criação da Escola de Música União Arapiraquense, pelo major Esperidião Rodrigues da Silva, em 1808, despertando da juventude da época a sensibilidade artística, o gosto pela música instrumental, as primeiras retretas da banda regida pelo Maestro Vieira e, o surgimento das serenatas em noites de lua. Tudo isso melhorava sensivelmente a cultura da comunidade de então.

Em 1917, outro seguimento expressivo dava mais impulso a cultura local: a criação do Tiro de Guerra 657, por iniciativa de Anphilófio Calazans de Souza Guerra, que fazia despertar nos jovens da comunidade o sentimento cívico, o patriotismo e o pleno exercício da cidadania, preparando o homem de amanhã.

A campanha da Emancipação Política do distrito deflagrada pelas figuras tradicionais da comunidade, sob a liderança do major Esperidião Rodrigues da Silva que promoveu inúmeras reuniões foi incutindo no povo o sentimento de liberdade e independência, foi elevando a cultura da comunidade no início dos anos 1920.

Os primeiros carnavais após a Emancipação,em 1924, realizados pela sociedade com o desfile de blocos no carnaval de rua, as primeiras festas juninas, o surgimento de pastoris, Folia de Reis, reisado, Quilombo do Lídio, Cantigas das Destaladeiras de Fumo, coco e outros fatos folclóricos da feira livre tiveram muita importância na cultura naqueles tempos idos.

Mais adiante, em 1940, a criação do curso primário com o Grupo Escolar Adriano Jorge, em 1943; a fundação do instituto São Luís; as encenações das primeiras peças de teatro na escola pelo profº Pedro Reis, em 1944, com os membros da Congregação Mariana; a fundação do Clube dos Fumicultores pelo vereador José Lúcio de Melo; criação do Teatro Amador por Pedro Onofre de Araújo e José de Sá, em 1949; no ano de 1950, a criação do Ginásio N. S. do Bom Conselho; a fundação do ASA (Associação Sportiva de Arapiraca), em 1952; o surgimento do serviço de alto-falantes Tupy, em 1951; a criação do Colégio S. Francisco de Assis, em 1955, por iniciativa da Irmã Luzinete Ribeiro de Magalhães que teve como primeira diretora a Irmã Maria Helena, em 1956; a criação da Escola de Comércio, em 1955; a inauguração do 1º Salão de Arte de Arapiraca, em 1967, que constitue na atualidade um celeiro de artistas plásticos no Estado de Alagoas.

A criação da Fundação Educacional do Agreste, em 1971; que manteve a Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca, até que foi estadualizada, em 1990 e, em 1996, passaria a Fundação Universidade Estadual de Alagoas, mantendo os cursos de Letras, Ciências, Matemática, Geografia, História e as Faculdades de Administração de Empresas, Ciências Contábeis e Direito no Colégio N. S. do Bom Conselho, seguindo-se a extensão ds cursos em Palmeira dos Índios e Santana do Ipanema/AL, União dos Palmares e São Miguel dos Campos/AL.

Em 1997, a prefeita Célia Rocha construiu a Casa da Cultura a grande realização de sua gestão. Com a Secretária de Educação Maria Cícera Pinheiro o número de escolas aumentou para 80, com 30.032 alunos matriculados, 18 creches, construção de 50 salas deaulas, 62 conselhos escolares, programa de capacitação permanente dos servidores, conselho de alimentação, alfabetização solidária, classe de aceleração e alfabetização no polígono da seca: todas essas atividades têm muita influência na cultura da atualidade.

Em 1999, continuam impulsionando a cultura em Arapiraca: a Academia Arapiraquense de Filosofia, Ciências e Letras; A.A.P.C. (Associação Arapiraquense de Produtores de Bens de Cultura);, o Núcleo de Cultura Avançada; o Instituto de Línguas da Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura de Arapiraca; as atividades das Igrejas Cristãs; a Casa da Cultura com moderna biblioteca e Museu do Fumo; os cursinhos para vestibular, as diversas escolas de Informática; Logos Assessoria e Comunicação e as atividades das entidades, dos clubes sociais e de serviço, e das lojas maçônicas.

Animam as noites de Arapiraca e do Estado de Alagoas: o Coral Villa Lobos com a regência da maestrina Simone Bastos; o violonista clássico José Bahé; o cantor romântico Manoel Tenório; o seresteiro Pissica; Jorginho & Cia; as duplas Caio & Flávio e Wellington & Sueli; Eribério Voz e Violão; Lourenço Teclado e Voz; Ginaldo & Layza, Marcelo Voz e Violão; Diógenes e Teclado; as bandas Love Tropical, Força e Lua, Êxtase, Planeta Água; Barbosa & Conjunto; Léo & Nunes, Ari Queiroz Voz & Violão; Elaine Voz & Violão; Tozinho & Seu Regional; Alfredinho & a música brega; Conjunto Pé de Balcão; Bastinho & Sua Sanfona; o famoso João do Pífano e, as Bandas Cio da Terra e Folha Verde. Tudo isso contribui para elevar a cultura do município de Arapiraca nesse final do século XX.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

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TEATRO EM ARAPIRACA – Por Zezito Guedes (Historiador, folclorista e artista plástico)

No início dos anos 1940, faziam pequenas temporadas pelas principais cidades do interior de Alagoas, pequenos circos com os palhaços de perna de pau, que, além dos números de acrobacias, mágicos, rumbeiras, apresentavam também as chamadas peças e teatro mambembe: A Louca do Jardim, Deus Lhe Pague e outras que causavam emoções nos espectadores.

Outra atração artística que aparecia nas cidades do interior era a chamada “Troupe”, que além de comicidade, números de canto e dança – não faltava rumbeira, encenavam, também, peças de teatro, a exemplo da troupe de Zé Gamela que tinha em seu elenco cenógrafo, bailarino e cenarista de talento.

Foram essas as primeiras manifestações artísticas do gênero, que apareceram em Arapiraca e, animavam a cidade várias vezes durante o ano, numa época carente de diversões, pois, ainda não existiam clubes sociais na “Terra do Fumo”.

Influenciado, talvez, por essas apresentações em Arapiraca, o profº Pedro de França Reis, que além de diretor do Instituto São Luis, fazia parte da Congregação Mariana, tomou a iniciativa de reunir alguns jovens para ensaiar as primeiras peças de teatro na escola em Arapiraca, cujo elenco era formado por: Alípio Gomes, João Nobre, José Bernardino, Manoel Oliveira Brabosa, Terto & José Barbosa, Morena, Mariquinha Gomes, Lourdes Correia, Zélia Cavalcante, Alice, Erasmo Nicolau e outros que encenaram as peças: Deus e Alá, O Pequeno Volantim, Deus Lhe Pague, O Saltimbanco e A Família dos Molhados.

Estas primeiras peças de teatro na escola, foram apresentadas no salão da Empresa Força e Luz e, no palco do Cine Leão, sendo muito aplaudidas pelos espectadores que colaboravam com o grupo de teatro, cuja renda era revertida em prol das obras assistenciais da Paróquia N. S. do Bom Conselho.

Mais adiante, em 1950, os adolescentes Pedro Onofre e José de Sá, que já haviam improvisado um circo no fundo de um quintal, resolveram ensaiar também as peças de teatro: O Martírio de Santa Filomena, Terra Vermelha, Coração Materno e outras que fizeram sucesso na época agora como teatro amador.

Com a transferência de Pedro Onofre para Recife/PE, cujo objetivo foi continuar seus estudos, José de Sá continuou a frente do grupo de teatro e, encenou inúmeras peças no palco do Cine Trianon, na então Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca, na Igreja N. S. do Bom Conselho, no Clube dos Fumicultores e, em outras cidades do Agreste e no Morro da Massaranduba. Influenciados por José de Sá, ou mesmo dirigidos por ele, surgiram diversos grupos de teatro amador, que também já encenaram várias peças em Arapiraca.

Também, o Colégio S. Francisco de Assis já encenou algumas peças de teatro, cujo elenco foi formado por alunos do tradicional educandário e, cuja renda era em prol de algumas obras de escolas. O Teatro Universitário ainda formou um grupo de teatro que teve curta duração e, logo entrou em recesso, mas, a qualquer momento poderá ser reativado e voltar a ribalta. As artes cênicas já foram exercitadas também por algumas escolas da rede municipal e poderão desenvolver essa atividade, formando grupos de teatro e encenando suas peças na própria escola, com apoio da Secretaria de Educação e Cultura do município de Arapiraca.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

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30 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS EM ARAPIRACA – Por Zezito Guedes (Historiador, folclorista e artista plástico)

Até o final dos anos 1940, faziam temporadas, pelo interior de Alagoas, os grupos de teatro mambembe, que traziam cenários coloridos e bem elaborados – como os criados pelo ator, cenógrafo e bailarino Paulo Lima, que exerceram muita influência sobre os primeiros artistas de Arapiraca/AL.

A presença das Artes Plásticas em Arapiraca, data dos anos 1950, quando ocorreram as primeiras manifestações. Em 1956, José de Sá realizou uma individual na Câmara de Vereadores com paisagens, pinturas, sacras e acadêmicas.

Todavia, foi a partir de 1960, que esse movimento artístico desenvolveu-se, com mais seriedade e, em outubro de 1967, foi realizado o 1º Salão de Arte de Arapiraca, durante as festas de Emancipação Política da Cidade e, na inauguração do Real Hotel, onde se mostrou a 1ª Exposição Coletiva de Artes Plásticas – a qual causou um forte impacto, naquela época, sobre o público.

Foi um grande acontecimento artístico e, proporcionou um notável impulso na cultura de Arapiraca. Esse 1º Salão de Arte contou com a participação de Ismael Pereira – o idealizador, Zezito Guedes, Izabel Torres, José de Sá, Alexandre Tito, Mauro Jorge, Chico Artes e Sebastião Ferreira (“Bibi”), que marcaram presença na mostra coletiva com pinturas, desenhos, esculturas em madeira e gesso de estilos diversos: primitivo, clássico, figurativo, impressionista, cubista, nas mais variadas técnicas: óleo sobre tela, pastel, guache, aquarela, etc.

O 1º Salão de Arte de Arapiraca contou, ainda, com a presença do crítico de arte, Marcos Mutti – da Galeria de Arte Álvaro Santos, de Aracaju/SE, que efetuou a classificação da mostra coletiva, cujos resultados causaram ligeiros incidentes, muito comuns, em se tratando de competições, mas não chegaram a ofuscar o brilho desse 1º acontecimento artístico do gênero.

O despertar das artes plásticas no Município proporcionava excelentes resultados, através do tempo, para a cultura da comunidade, que passou a ser conhecida também como um celeiro de arte promissor e, seus artistas foram rapidamente se projetando e conquistando prêmios, não só em Alagoas, mas em outros Estados da Federação.

Os primeiros prêmios foram alcançados no 1º Salão dos Novos Artistas do Nordeste – 1971, na Bahia;. Salão do Sesquicentenário da Independência – 1972, em Recife/PE; 1º Salão de Arte Global de Pernambuco – 1974, em Olinda; 2º Salão Global de Pernambuco – 1975; na inauguração da Casa da Cultura; 7º Salão Nacional de Artes Plásticas – 1978, no Rio de Janeiro; 1ª Feira Nacional de Arte Sacra – 1981, em Salvador/BA; 3º Salão Atalaia de Arte – 1982, em Aracaju/SE, Encontro com a Cultura Alagoana – 1983, no MASP (São Paulo); 34º Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco – 1983, em Recife/PE; Alagoas , um Stato del Nordeste del Brasile – 1983, no Museu sant`Egídio, em Roma (Itália) e outros eventos artísticos de muita importância.

Atualmente, participam desse celeiro de arte, 26 artistas plásticos, que exploram diversos gêneros e variados estilos, em pinturas, desenhos, esculturas, serigrafias, que vêm sido expostas em Alagoas e, em outros estados.

Sobressaem nesse panorama artístico de Arapiraca, os pintores: Allan Carlos Monteiro, José de Sá, Marcelo Mascaro, Renan Padilha, Mozart Nunes, Égide Amorim e Dija. Os escultores; Zezito Guedes, Geraldo Dantas, Alexandre Tito, Luiz Fernandes, o popular “Lucas”, Josias Saturnino, Pedro José, Pedro Cassiano, Saturnino João, Arnon Fernandes, Edvaldo Santos, José Humberto, Geraldo Crispim. Ana Rosa Lima, Cícero Brito, Clemilda Vilela, Keka Barbosa, Michela Monteiro e as irmãs Zeneide, Zenilda & Zenaide Petuba.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

[ Editado por Pedro Jorge ]