Por Marcelo Amorim A tradição do coco-de-roda, manifestação folclórica mais antiga de Arapiraca/AL, é mantida por Nelson Vicente Rosa com entusiasmo e determinação. Homem simples, nascido na zona rural, abnegado á cultura local comanda o único grupo ainda ativo na região, o Coco de Roda Nelson Rosa, e conserva os mesmos passos e cantigas aprendidas ainda na década de 1940, quando teve seu primeiro contato, aos cinco anos de idade, com o samba de pagode, que originou a dança típica. Nelson Rosa lembra que tudo começou com a construção de casas de taipas, no ano de 1938, quando moradores do Povoado Sítio Fernandes, onde ele reside até hoje., reuniam-se para aterrar o piso das construções feitas em barro e varas de madeira. “Nós trabalhávamos na roça durante o dia e á noite nos juntávamos em mutirão, para ajudar a erguer as casas e aterrar o piso, em barro, acompanhado de tocadores de padeiros que animavam o pessoal e, a partir de então, este ritual se transformou em dança”, destacou Nelson. O artista popular acrescenta ainda que, neste mesmo ano, “Uma mulher” chegou até a localidade e, ao participar da manifestação, cantou uma música denominada de “Araúna”, que ficou para sempre na memória de Nelson Rosa e acabou inserida na tradição do coco-de-roda.”Tem meu pé de cravina Araúna, foi meu amor que me deu”, diz o trecho mais conhecido da música. O grupo comandado por Nelson, que está em atividade desde 1979, já realizou apresentações em festivais de folclore, feiras de artesanato e até mesmo na abertura dos festejos juninos na cidade de Campina Grande/PB, em 1988. A tradição do coco de roda também fez parte de um quadro do programa Fantástico, da Rede Globo de TV, em reportagem da jornalista Glória Maria. Entre os participantes, homens e mulheres, alguns com mais de 70 anos de idade, que têm no folclore um motivo a mais para se manter ativos, além, é claro, de guardar para futuras gerações os ensinamentos da própria cultura. Em Arapiraca e região, o guerreiro, pastoril, reisado, o bumba-meu-boi e o coco-de-roda são manifestações folclóricas de maior tradição, mas apenas o coco-de-roda ainda permanece em atividade ao público, através do grupo de Nelson Rosa, que mesmo assim ainda enfrenta dificuldade em encontrar parceiro para a cantoria, que é feito pelos próprios componentes. Um grupo local da terceira idade também vem tentando reativar o pastoril na localidade. Já o reisado ainda permanece em atividade por meio de um único grupo no povoado de Camandanta, em Junqueiro/AL e o guerreiro deixou de existir, segundo confirmou Nelson Rosa, por causa dos custos de produção, que impediram as pessoas mais humildes, que mantinham a tradição, em seguir adiante. [ Fonte: (extinto) Jornal “Tribuna de Alagoas”, 04/11/2001 ] ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ UM TRUPÉ DAQUELES / Nelson Rosa, o “Mestre do Coco”, Foge do Destino de Agricultor, Transforma o Povoado Onde Mora e se Torna um dos Mais Respeitados Mestres do Coco-de-Roda Por Davi Salsa e Mônica Nunes Os cabelos grisalhos, o corpo robusto e os passos firmes nos dão o retrato de um agrestino, natural de Arapiraca/AL, que poderia ter escrito sua história a partir da vida agrícola no povoado Fernandes, onde vive desde 1933 – ano de seu nascimento. Mas o homem de gestos e costumes simples foi mas além e fez nascer na vila onde mora, um povoado de pouco mais de 1.200 habitantes, muito mais do que os frutos da agricultora local. Nelson Vicente Rosa trouxe de volta o ritmo do coco de roda. Um trabalho pisadinho, iniciado em 1979, numa despretensiosa véspera de São João. Daí para frente o que se viu e ouviu foi uma trajetória de reconhecimento – que se deu aos poucos, mas que lhe rendeu o título e os ganhos como “Mestre da Cultura Popular”. O título foi conferido pelo Governo do Estado, em maio de 2005. Uma ajuda estendida a outros que, assim como ele, difundem a arte, a história, os modos e costumes a outras gerações.”No começo não foi fácil. Mas agora eu vejo que essa história não morre mais. Já tenho substitutos”, diz ele, em referência aos meninos e meninas que integram o “Brilho de Vida”, um grupo formado formado por 21 jovens da comunidade, que fazem parte do Centro de Cultura Popular do Sítio Fernandes Mestre Nelson Rosa. “Chamo ele de vô”, comentou Jéssica de Souza, 20 anos, coordenadora da equipe, que tem entre seus componentes quatro netos legítimos do fundador. Inaugurado em agosto deste ano, o Centro de Cultura Popular nasceu a partir da iniciativa da população local e que, aliada á ajuda de uma cooperativa médica da cidade e de outras instituições, fez surgir um novo espaço para a disseminação da cultura local. Tudo isso somado ao investimento do próprio Nelson Rosa, que destinou parte dos recursos do Prêmio Culturas Populares, ganho em 2008, para a compra do imóvel.Agora, não apenas o coco de roda do Sítio Fernandes mas toda a cultura daquela gente ganha mais impulso. Assim, Nelson, que já era conhecido nacionalmente, graças as apresentações pelo Brasil afora, ensaia voz, coreografia, tons e gracejos das artes que brotam daquele chão para outras pessoas, sobretudo, os mais jovens.No local, além da tradicional cadência que ressoa do ganzá, surdo, pandeiro e triângulo, e que repica tamancos – há quem diga que, no coco, eles são o quinto instrumento -, a comunidade treina flauta doce e o Canto das Destaladeiras de Fumo. Este último, uma atração á parte e que parece não encontrar similar no país, pois se trata de uma cantiga típica das mulheres que destalam o fumo na região.Quase um SambinhaE assim, do alto das tamancas e com batidos á mão, o que se faz nada mais é do que uma versão ancestral do samba – até mesmo do pagode. Com menos cadência e muito mais inocência, o coco do “Mestre” Nelson Rosa resiste, bravamente.
Resistentes, cantam e dançam coisas até certo ponto ingênuas, como “Ô Menininha”, que os integrantes do Brilho de Vida sabem de cor. E assim, de verso em verso, histórias de gerações se misturam no Sítio Fernandes. Gente como Jéssica e Nelson, que embalam a vida através de uma dança que até dizem se chama Coco, porque vem da cabeça. das ideias, da mente. Juntos, trabalham para manter viva uma arte popular tão rica quanto pura. Um patrimônio que busca se eternizar ao aliar vidas distintas, ligadas pela tradição, pelo amor e respeito á Cultura genuína brasileira.
Livro
Para consolidar tanto trabalho – pois é assim mesmo que “Seu Nelson” define sua arte, ele espera lançar um livro ainda este ano. Um projeto que já estava praticamente pronto e que seria publicado com apoio do SESC, durante a Bienal do Livro, que está marcada para ocorrer em outubro deste ano em Maceió/AL. “Já está tudo pronto, com 122 cantos e versos, além de 2 CDs”, comemora. O aguardo fica por conta da recuperação de um enfarte que ele sofreu no início deste ano.
E enquanto o livro não vem, o cotidiano de Centro Cultural do Sítio Fernandes vai em ritmo intenso. para isso, prosseguem os ensaios, apesar da ausência temporária do Mestre Rosa. “Quando ele não pode vir, a gente vai até a casa dele conversar, pedir conselhos e ensaiar”, diz Jéssica. Coisa de “avô” e “neta”, coisas de quem aprende com quem ainda tem muito a ensinar.
[ Fonte: Jornal “Tribuna Independente”, 04/09/2011 ] ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ COCO (dança) O coco é um ritmo que vem da divisa de Alagoas com Pernambuco. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo. Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral, do agreste e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco de embolada, coco de praia, coco do sertão, coco de umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco de ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.O som característico do Coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas. Existe uma hipótese que diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses que a dança surgiu nos engenhos ou nas comunidades de catadores de coco. [ Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre ] [ Editado por Pedro Jorge / E-mail: pjorge-65@hotmail.com ] ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Grupo de Coco do Mestre Nelson Rosa vai Rodar o Brasil em 2015Por Dep. de Imprensa (03/11/2014)O coco de roda é um das nossas manifestações culturais mais genuínas, de conotações africanas e indígenas. E um dos grupos de Arapiraca/AL vai fazer 120 apresentações pelo Brasil no ano que vem.A investida será a partir de um convite a Nelson Rosa, um dos baluartes da nossa cultura, considerado mestre da Cultura Popular Tradicional pela Prefeitura de Arapiraca, em 2013, e Patrimônio Vivo de Alagoas – título recebido, em 2005, pela SECULT (Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas).Ele recebeu o aceno do SESC (Serviço Social do Comércio) para as apresentações país adentro, contemplando o projeto Sonora Brasil. Talentoso poeta popular e embolador, Rosa leva uma vida simples e arraigada ao setor cultural na comunidade Vila Fernandes, desde que começou a comandar o grupo que tinha parentes como integrantes e hoje ultrapassou as cercas dos currais de fumo de Arapiraca e ganhou o país.
“Já estivemos no Sudeste divulgando o coco de roda. Será maravilhoso levar nossa cultura para os quatro cantos do Brasil. Isso precisa ser levado adiante e para quem ainda não tem familiaridade com essa manifestação”, diz o mestre Nelson Rosa, ressaltando que as performances começam apenas em junho de 2015.
Com mais de 17 edições, o Sonora Brasil é o evento de maior importância da música contemporânea do país, sendo uma das mais importantes ações de transmissão da cultura musical brasileira e o maior projeto brasileiro de circulação de espetáculos musicais. A ação escolhe bianualmente dois temas com quatro grupos por temática. Em 2013, os temas foram “Tambores e Batuques”.
Fonte (link): http://www.arapiraca.al.gov.br/v3/noticia.php?notid=8002
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Muito interessante vê esses jovens tendo contato e resgatando a cultura local. É uma honra termos o nosso mestre do coco, Nelson Rosa, em nossa região…
ÁUDIO-LIVRO
Por Lourdes Rizzatto
O mestre da cultura popular, Nelson Rosa, foi escolhido para representar a região Agreste alagoana, no projeto Mapeamento da Literatura Oral de Alagoas. A pesquisa foi desenvolvida há um ano por meio do SESC Alagoas em parceria com a pesquisadora Adriana Milet iniciará a segunda etapa de gravação do CD, em agosto, com o áudio de Nelson Rosa.
O pré-lançamento do projeto que também conta com a participação do coco de roda adulto e mirim Brilho de Vida,e das Destaladeiras de Fumo do Sítio Fernandes será em outubro durante a Bienal Internacional do Livro. O lançamento oficial está previsto para novembro nas unidades do SESC maceió, Arapiraca, Teotônio Vilela e Palmeira dos Índios.
Fonte: Coluna Agreste – Caderno TV & Mulher, Jornal Gazeta de Alagoas, 26/06/2011.
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http://arapiraca.7segundos.ne10.uol.com.br/noticias/2017/09/16/95486/rogerio-teofilo-lamenta-morte-do-mestre-nelson-rosa.html
http://www.alagoas24horas.com.br/1092525/patrimonio-vivo-nelson-rosa-e-sepultado-em-arapiraca/
http://diarioarapiraca.com.br/editoria/arapiraca/morre-em-arapiraca-o-mestre-da-cultura-popular-nelson-rosa/1/34179