João Caboclo-Linho

 
 
 
PERFIL – João Caboclo-Linho de Alagoas
 
João Gomes de Oliveira, popularmente conhecido como João Caboclo-Linho de Alagoas, nasceu na cidade de Pão de Açúcar/AL, aos 23 de março de 1930, filho de Terto Gomes de Oliveira e Alcina Maria Bezerra. Depois de passar pelas usinas Ouricuri e São José, Canafístula do Cipriano, em 1947, inicia seu trabalho de poeta-repentista, cordelista.
 
Como poeta-repentista, percorreu o Nordeste do Brasil e cantou com grandes improvisadores como Antônio Aleluia, José Faustino Vila Nova, João Alexandre, Pedro Bandeira, entre muitos outros.
 
De 1957 a 1980, residiu em Juazeiro do Norte/CE, onde se instalou com um box no mercado, vendendo artigos religiosos. Tem um grande arsenal de trabalhos a publicar, com mais de 40 estilos de rimas diferentes, com belíssimos poemas, quartetos, etc.Tem escrito, também, folhetos de cordel, alguns já publicados. Participou da coletânea “Canteiros da Poesia”, lançada pela ACALA em 1988. Entre as obras que aguardam publicação estão: “Os Astros da Poesia”, “Presente de Poesia”, obras que constituem uma autêntica manifestação da Cultura popular regional do Nordeste. Teve a oportunidade de conviver com o seu patrono Rodolfo Coelho Cavalcanti em Juazeiro do Norte, quando foi delegado do Grêmio Brasileiro de Trovadores. 
 
Nos últimos anos tem se dedicado a fazer palestras e apresentações folclóricas em escolas de Arapiraca. Também apresenta um programa na emissora de rádio comunitária A Voz do Povo, A Voz de Deus, onde recita poemas, canta repentes e faz comentários sobre Folclore. Livros escritos e publicados: “Flor da Poesia” e “Padre Cícero em Poesia”.
 
[ Fonte: Livro “ACALA: História e Vida”, abril de 2009 ]
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Morre o Cordelista e Violeiro Popular João Caboclo-Linho de Alagoas
Por Roberto Gonçalves ( 29 de Junho de 2011 )
 
Faleceu na manhã desta quarta-feira, 29, em Arapiraca/AL o poeta popular, cordelista e violeiro João Gomes de
Oliveira, conhecido popularmente como João Caboclo-Linho de Alagoas, aos 81 anos de idade. O sepultamento ocorre nesta quinta-feira, 30, no Cemitério de Santo Antônio, no bairro Batingas às 10h. O corpo está sendo velado na residência onde morava na rua Santa Terezinha no centro de Arapiraca. Radicado em Arapiraca, Caboclo-Linho nasceu em Pão de Açúcar/AL em 23 de março de 1930. Sua infância foi nas usinas São José e Ouricuri, anos depois passou a residir no povoado de Canafístula do Cipriano na zona rural de Girau do Ponciano/AL.
 
Cordelista, violeiro-repentista, vendedor de livros de cordel nas ruas de Arapiraca ingressou na ACALA (Academia Arapiraquense de Letras e Artes), em 1987, sendo um dos seus fundadores. Publicou poemas na Coletânea “Canteiros de Poesias”. Por muitos anos residiu em Juazeiro do Norte/CE fazendo ponto no Mercado Público da Terra do Padre Cícero Romão Batista de quem era um grande devoto. Publicou em Arapiraca o livro “Flor de Poesia” e sua publicação mais recente foi “Padre Cícero em Poesias” pela Center Graf em 2006.João Caboclo – Linho deixa um grande acervo de poesia popular inédita e nunca teve oportunidade para publicação de sua obra: “Os Astros da Poesia”, “Presente de Poesia” que constituem uma autêntica manifestação da cultura popular nordestina. O presidente da ACALA, Cláudio Olímpio lamentou a morte de João Caboclo–Linho e assegurou que a cultura popular em Alagoas e Arapiraca fica mais pobre.
 
[ Fonte: Blog do Roberto Gonçalves / bobgonsalves.blogspot.com ]
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CORDÉIS – Poeta João Caboclo Linho ( Livro – “Flor de Poesia” )
 
NÃO SEI A QUAL DOU RAZÃO – Autor: Poeta João Caboclo Linho
 
A mulher me desprezou / a outra abraçou a mim
a mulher me achou ruim / a outra me ajudou
a mulher me ausentou / a outra me deu a mão
a mulher tirou-me o pão a outra me deu o queijo / se é do mudo que vejo
não sei a qual dou razão.
 
Sei que uma e outra quer / razão que ninguém acerta
não sei qual a mais certa / se é a outra ou a mulher
a mulher quebra a colher / a outra rasga o colchão
a mulher faz confusão / a outra faz a desordem
a mulher rebenta ordem.
 
A outra tem uma falta / de ninguém confiar nela
é que a mulher se exalta / o homem se salta
no meio da confusão / e diz o bom coração
não abandona o que é seu / por isso é que eu digo:
não sei qual dou razão.
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JORNAL SERTANEJO – Autor: Poeta João Caboclo Linho
 
Literatura de colportage na França é título legal
sextilhas indica seis linhas e décimas e dez, é igual
e os folhetos rimados herdados de Portugal.
 
Cientifiquei sertanejos e estudantes também
nos títulos natos e estranhos que a poesia contém
agora exalta o valor que o livro estória tem.
 
A utilidade do verso tem elevado demais
deixando o sertão ciente do que há nas capitais
pelo sertão do Brasil os versos são os jornais.
A literatura de cordel / deu muita luz ao sertão
declarando os personagens cada um em posição
no destaque que merece santo, culto ou valentão.
O cantador vai cantar na casa do camponês
ele pede estória bíblica no velho ou no novo cortes
baseado no folheto que o outro poeta fez.
 
Quem nunca conheceu o Bíblia nem leu estória sagrada
conheceu a vida de Cristo e da Virgem Imaculada
tudo através de folhetos da poesia rimada.Pessoas que não tiveram  feliz oportunidade
de não aprender a ler tiveram a felicidade
de ouvir, ler versos e decorar cantar e arranjar amizade.

Quem nunca viu a pessoa do Padre Cícero Romão
o adora como santo porque leu com gratidão
sua vida num folheto  e lhe ama de coração.

O cordel tem declarado tudo para o nordestino
a vida de Lampião quem foi Antônio Silva
Curisco Cunha, um brilhante / altos humanos ou divino.

A poesia tem sido  o jornal muito evidente
que o sertanejo ler o passado e o presente
de profecias futuras cordel de declaramente.

O poeta, o canto são os jornais do sertão
o poeta manda a escrita dando toda a informação
e o cantador em pessoa dá toda declaração.

Cantador é o repórter que a poesia faz
leva notícias ao sertão às cidades e às capitais
e se vem para as Cidades do Sertão notícias traz.

O poeta, o cantador o verso e a poesia
já vem mais de cem anos ajudando e dando alegria
e o jornal é como o pão só presta no mesmo dia.

Já homens formados sentindo grande desejo
de saber fazer um verso dizendo a muito pelejo
que é bem empregado o verso ser jornal sertanejo.

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PORQUE O MUNDO VAI MAL – Autor: Poeta João Caboclo Linho

Via tudo terminar só / do jeito que a coisa vai
o avô enganando a avó / o filho enganando o pai
armou-se toda a armadilha / a mãe iludindo o filho
a neta assina e se sai.

O filho furta o pai / o pai não educa o filho
o Espírito Santo sai / porque apagou-se o brilho
no furto da consciência / a luz da divina essência
não brilha mais nesse trilho.

A mulher foge do trilho / mentindo para o marido
dizendo fui com meu filho / na loja comprar vestido
furtou ela e a criança / estava numa festança
na casa de um conhecido.

Sai o homem aborrecido / dizendo que vai para a feira
mentira, foi escondido / ver uma tal companheira
assim vai tudo sem paz / mulheres, filhos e pais
vai tudo na bagaceira.

Aquele artista refaz / naquilo que o outro fez
o comerciante incapaz / toma do outro o frequês
o comprador de fiado / deixa o que vende enganado
não paga no fim do mês.

A moça tem mais de três / namorados hoje em dia
o rapaz tem mais de seis / só para fazer folia
casamento não é moda / o amor saiu da roda
só reina demagogia.

A mentira fez carreira / vai na frente da verdade
hoje o engano é primeira / de originalidade
hoje o homem é submisso / a mulher de compromisso
findou-se a autoridade.

Findou-se a honestidade / no grupo familiar
aquele felicidade / fugiu de dentro do lar
o homem não tem mais força / a mãe e a filha moça
tomaram dele o lugar.

* Cordéis extraídos do livro “Flor de Poesia” –  Poeta João Caboclo Linho.

[ Fonte: Zóio TV / http://www.zoiotv.com.br ]

[ Editado por Pedro Jorge / E-mail: pjorge-65@hotmail.com ]

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