LIVRO: ARAPIRACA ATRAVÉS DO TEMPO


ARAPIRACA ATRAVÉS DO TEMPO

Título do livro: “Arapiraca Através do Tempo”
Autor: Zezito Guedes
Ano de publicação: 1999.

 

PREFÁCIO
Por Profº Eliseu Diógenes ( Deptº administrativo da UFAL e ex-secretário de Planejamento de Arapiraca )

Na condição de secretário da Prefeitura de Arapiraca/AL, comecei a descobrir a Cidade com seu povo, suas origens, indicadores sócio-econômicos, sua cultura, a fim de fazer um diagnóstico e apresentar uma proposta do governo ao prefeito a quem passei a ser auxiliar.

Á procura de alguns dados, sobretudo de caráter histórico, fui informado por meu assessor Samoel Balbino de Melo, que havia, na cidade, “uma figura de nome Zezito Guedes e, que poderia me dar as informações de que eu tanto precisava e, que se ele não as tivesse, ninguém mais as teria e nem asa saberia”.

Como necessidade não tem cabeçote, dirigi-me ao laboratório de prótese dentária de Zezito Guedes, a fim de obter as informações necessárias ao meu trabalho. Á primeira vista, deparai-me com seu local de trabalho, ambiente simples e modesto, onde artes plásticas se misturavam com as técnicas protéticas, o que menos indicava era que fosse um lugar onde eu pudesse conseguir os dados históricos que procurava.

Apresentei-me e disse a que vinha. Tive logo a ideia do tipo de pessoa com quem estava falando, um homem simples, sem arrogância conhecedor do que dizia. Tive uma verdadeira aula de história de Arapiraca, a partir da etimologia da palavra, passando por seu fundador Manoel André e pela cultura do fumo, envolvendo a figura de Francisco Magalhães, com o plantador do primeiro pé de fumo em Arapiraca. Se eu não tivesse pedido licença para ir embora, ainda hoje estaria escutando Zezito contar a história de Arapiraca. Então foi aí que começou o meu conhecimento, com Zezito Guedes, minha profunda admiração por sua pessoa e meu reconhecimento por seus conhecimentos históricos sobre a “Terra de Manoel André”. Tornamo-nos bons e grandes amigos.

No decorrer de meu trabalho como secretário de planejamento, percebi que Arapiraca tinha pouco ou quase nada de sua memória escrita e que o maior cabedal ou acervo de suas memórias residia na pessoa de Zezito Guedes.

Certo dia, lhe perguntei: “Zezito, por que você ainda não escreveu um livro sobre a história de Arapiraca?”. Ele respondeu: “Eu já tenho muita coisa rabiscada, mas acontece que há uma pessoa a quem eu rendo homenagem e que sabe mais do que eu. Inclusive, ele tem um livro para ser publicado sobre Arapiraca”. Daí porque dele não querer publicar um livro antes desta pessoa. Sua referência era o Dr. Nelson Rodrigues, juiz de Direito de Maceió/AL.

Fiz vê-lo que um fato não era impeditivo o outro e, eu achava que o dr. Nelson Rodrigues não ia se melindrar porque alguém, paralelamente a ele, escrevia um sobre a história de Arapiraca. Acredito que minha colocação e outras que se seguiram tenham sido uma injeção de coragem para que Zezito decidisse publicar seu livro sob o título de Arapiraca Através do Tempo.

Entre os três tipos de classificação da História, seu texto situa-se no gênero narrativo ou episódio, alguns fundamentados na tradição e os demais, um testemunho vivo de quem presenciou o próprio acontecimento dos fatos, daí porque há de se dá fé, ainda ao argumento de autoridade. Seu estilo é muito peculiar e, acredito que só ele sabe contar os fatos como ele conta.

O grande valor de seu livro reside, a meu ver, no registro da memória de Arapiraca e, como tal, ele merece parabéns e seu Arapiraca Através do Tempo é digno de ser lido pelas gerações presentes e futuras.

Arapiraca/AL, novembro de 1995.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

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UM REGISTRO PARA A HISTÓRIA
Por Gilvan Custódio de França ( Arapiraca/AL, 12 de setembro de 1994 )

O livro Arapiraca Através do Tempo de autoria do escritor, folclorista e escultor Zezito Guedes, é uma obra literária que se exibe em documentário sério, originado de fontes fidedigmas e de testemunhas contemporâneas. É um volume de uma grande densidade pitoresca, que descreve fatos da vida cotidiana, figuras de relevo e tipos populares. Dá aos arapiraquenses uma visão clara e precisa dos anos dourados, dos jovens homens que aqui se fixaram e conseguiram transformar Arapiraca/AL numa cidade acolhedora.

De memória privilegiada, Zezito Guedes menciona com detalhes, as brincadeiras das crianças, as lutas e os hábitos dos mais velhos, sem esquecer as proezas dos jovens, mente fértil que transforma muitas vezes um caso banal numa história interessante e cômica. Mostra Arapiraca através do tempo, de uma maneira que agrada a todos, principalmente a quem dela participou. É, de extraordinária importância, que proporcionará um mundo de felicidades e, também um turbilhão de saudades aos arapiraquenses da velha guarda.

Ninguém deve faltar com uma palavra de estímulo e um aplauso a um talento que surge forte e promissor. Dou o meu aval a você, Zezito, que tão bondosamente me permitiu ler o original do seu livro.

Que você continue com suas pesquisas e dentro de pouco tempo, teremos um novo livro, que como este, alegrará a todos que têm interesse sobre esta “Terra de Manoel André”. A você, desejo sucesso neste e, em outros empreendimentos e, que continues como sempre: um homem simples.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

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ARAPIRACA TRAVÉS DO TEMPO
Por Oliveiros Nunes Barbosa

Incumbiu-me Zezito Guedes, de opinar sobre o seu trabalho – Arapiraca Através do Tempo. Permita-me, então, o leitor, falar-lhe em poucas linhas, dessa obra que Arapiraca reclama há décadas. Zezito não fez um compêndio sobre a história de Arapiraca, mais reuniu uma pesquisa admirável dos fatos e dados de nossa cidade, apresentando a evolução e involução de algumas manifestações culturais.

O livro Arapiraca Através dos Tempos tranporta-nos ao tempo e faz-nos reviver uma época saudosa. Escritos com amor e bem narrados, os fatos trazem-nos a sensação de que somos inseridos nesse contexto passado, dando-lhe vida, a vida que só a mágica da “pena” de um bom escritor poderia fazê-lo. Esta é uma obra de grande valor, não só para a descendência dos fundadores, mas, especialmente, para professores e estudantes que terão em mãos uma rica fonte de pesquisa sobre a “Terra de Manoel André”.

Zezito Guedes fala-nos, com sabor de saudade, dos primeiros carnavais, das festas, das manifestações folclóricas, das serenatas; descreve-nos alguns tipos populares, bem como aborda questões como O Ciclo da Mandioca, A Origem da Cultura do Fumo, dentre tantos outros temas palpitantes.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

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ALGUMAS PALAVRAS – Por Zezito Guedes (Historiador, folclorista e artista plástico)

Arapiraca Através do Tempo é um volume de crônicas que ora levo a público, está realmente o fruto da minha vivência em Arapiraca/AL, desde a infância, quando aqui cheguei, oriundo do município de Princesa Isabel/PB.

Ainda criança, palmilhei as ruas da cidade, joguei bola de meia, estudei com a profª Chiquinha Macêdo, banhei-me no Riacho Perucaba, no Açude da Lourença e colhi araçá no Poço Frio; enfim, vivi o dia-a-dia da comunidade durante cinco décadas.

Hoje, ao lavrar o conteúdo destas páginas, como autodidata, não alimento o desejo de realizar uma obra prima e, não tive outra pretensão, a não ser o desejo de legar á posteridade o registro dos fatos, episódios, personagens, ruas de ontem, figuras populares, pontos de encontro, o “modus vivendi” de Arapiraca através dos anos.

Por outro lado, sinto-me deveras feliz e, porque não dizer, realizado, em poder oferecer essa modesta contribuição á terra que me viu crescer e passar toda a juventude sem arredar o pé.

Agora, meus cabelos já apresentam alguns fios de prata, tingidos talvez, pelo sereno das serestas nas velhas madrugadas, assustando os moradores pelas ruas desertas. E, eu me confesso agradecido por toda essa trajetória que fiz em Arapiraca.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

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ZEZITO GUEDES OU O MOSAICO ARAPIRAQUENSE
Por Jean Baptiste Nardi ( Historiador e especialista da cultura de fumo no Brasil )

Existe no centro de Arapiraca/AL, um pequeno lugar mágico: a oficina de protético do Profº Zezito Guedes. O leitor provavelmente pensa que não há nada de mágico na fabricação de dentes artificiais. E, tem toda razão! O extraordinário não reside nesta atividade, mas no fato de que a oficina se esconde atrás de uma galeria de arte onde são expostos quadros e esculturas. Porque Zezito é um artista. O lugar é imprescindível ponto de encontro onde fregueses, amigos ou os transeuntes param para conversar. Aí escutamos histórias da Cidade, contos do Sertão, poesias, música… É um centro cultural.

Por isso, traçar o perfil de Zezito Guedes é uma das tarefas mais difíceis que conheço; seria ele mais artista plástico do que escritor, mais poeta ou compositor do que historiador e folclorista, mais protético do que professor? Pouco importa. Em todo caso é uma dessas pessoas raras que sabem atuar em diversos campos de atividade com competência e talento.

Zezito é, antes de tudo, um homem que reage aos ritmos do coração de Arapiraca. Transcende-se para reproduzi-los com sua sensibilidade em escultura de pedra, poemas e canções tais como: Meizinhas do Povo e Os Cravos de Santa Cruz. Participa em muitas mostras de artes onde recebe prêmios com frequência.

Ficou, porém, mais conhecido por seus trabalhos sobre a história e folclore, cuja disciplina foi professor livre docente da Fundação Universidade Estadual de Alagoas.

Publicou várias monografias pelo Centro de Estudos Folclóricos da Fundação Joaquim Nabuco de Recife/PE – tratando de temas sertanejos: O Padre Cícero, A Feira de Arapiraca, Sinais de Chuva, A Força da Lua, O Folclore da Seca. E, seus livros: Cantigas das Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Arapiraca Através do Tempo são o fruto de longas e minuciosas pesquisas.

A dificuldade de coligir fontes esparsas e variadas levou Zezito a reinventar os métodos da história: nela se unem Sociologia, Antropologia, Economia, Artes e Folclore. Mesmo aqui é um criador!

Utiliza todos os materiais que estão a seu dispor para contar o passado da Cidade. Coleciona fotos, imagens populares, objetos religiosos ou do cotidiano, fósseis e minérios até que possui hoje um acervo, acredito, único.

Mas, sobretudo aproveita a memória dos homens, testemunha dos eventos, possuidores de lembranças, de conhecimentos que não se encontram em livros ou arquivos. Tira da transmissão oral inúmeros fatos e analisa-os com minudência. Assim, podemos hoje saber tudo sobre Arapiraca, as ruas e praças, os prédios, os comércios, as instituições, as atividades familiares e sociais, as festas, crendices e tradições, sem esquecer-se do fumo.

Não é á toa que Zezito Guedes é considerado hoje como “A Memória Viva da cidade”. Mas, sua obra não se reduz a isto. É, muito mais extensa e tem múltiplos aspectos: é como um mosaico centralizador que representa, descreve, narra e canta a história bem como o presente e a alma de Arapiraca e de seu povo.

[ Fonte: Livro “Arapiraca Através do Tempo”, 1999 ]

[ Editado por Pedro Jorge – Email: pjorge-65@hotmail.com ]

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