PEDRO VINÍCIUS DE MELO, “01” (IN MEMORIAM, 1999-2017)

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PEDRO VINÍCIUS DE MELO, “01” (IN MEMORIAM, 1999-2017)

COMO LIDAR COM O LUTO
Por Valdenice Guimarães

A perda é um evento estressante, os estímulos associados à falta da pessoa tendem a tornar-se aversivos. Portanto, o luto seria uma reação à perda, em geral de uma pessoa amada. Após a morte, o enlutado necessita de um tempo para adaptar-se à nova realidade e o tempo para essa adaptação é relativo à intensidade e o envolvimento da relação.

Cada processo de luto é único e vai depender do vínculo que existia, pois, as pessoas vivenciam o sofrimento de maneiras diferentes. Se a pessoa tiver uma relação de dependência com o falecido, é possível que não consiga reagir sozinha, precisando do auxílio de um profissional especializado. A terapia objetiva a maximização de reforçadores positivos e a atenuação de varáveis aversivas envolvidas no sofrimento do paciente.

Entendemos comportamento, quando há uma relação do organismo com o ambiente. Nesse sentido, podemos dizer que as pessoas apresentam estímulos discriminativos e estímulos reforçadores na história de vida dos organismos e, com a morte, esses estímulos deixariam de fazer parte da pessoa enlutada, ou seja, a pessoa enlutada perderia esses reforçadores.

Com a perda de uma pessoa querida ocorre uma alteração nas contingências de reforçamento na vida da pessoa, portanto, é normal que ocorra uma grande mudança comportamental, em sua vida. Quanto à intensidade e a profundidade do vínculo, proporcionalmente maior, mais intensa e mais duradoura é a dor pela perda. Nas culturas ocidentais a morte costuma ser sinônimo de perda, de fim, de luto e de tristeza. Já, em algumas culturas orientais a morte marca a coroação da vida, e eles celebram.

A morte é algo irreversível e inevitável, o que implica que nenhum comportamento manifesto pelo enlutado vai alterar esse evento. Isso caracteriza uma relação de não contingência, ou seja, um a condição de incontrolabilidade do meio.

O papel do terapeuta é auxiliar o enlutado a aceitar a realidade da morte, ou seja, a finitude da vida, vivenciar a perda, além de auxiliar a pessoa no processo de enfrentamento das contingências atuais e, também, encontrar novos reforçadores para o sujeito continuar vivenciando, compreendendo que aquela pessoa foi importante na sua vida, mas que não estará mais presente pelo menos fisicamente no seu dia a dia.

Cada pessoa vivencia o luto a partir do seu repertório comportamental. Viver esse processo de luto não tem como finalidade esquecer aquela pessoa que foi importante, mas aprender a viver apesar da perda. Pensar sobre a finitude do ser humano é algo desconfortável.

* É psicóloga clínica com pós-graduação, em Análise de Comportamento, e membro-fundadora do Instituto de Análise do Comportamento de Alagoas.

Fonte: jornal “Jornal de Arapiraca” (24 a 30 de novembro de 2017) – Valdenice Guimarães.

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[ Editado por Pedro Jorge / E-mail: pjorge-65@hotmail.com ]